2.1.07

O réveillon segundo Bernard Audelève

Há qualquer coisa de ridículo em cada passagem de ano...o facto de pormos os nossos desejos mais profundos e sonhos mais ardentes nas mãos de doze passas, como se as Passas, mensageiras da Grande Passa do Universo, tivessem alguma espécie de poder sobre o Destino. Para trazerem para o nosso lado (ou para manterem ao nosso lado) quem mais queremos, para nos ajudarem a realizar todas as ambições, para afugentarem os medos e incertezas que nos tiram o sono nos 365 dias seguintes. Para matarem lenta e dolorosamente todos aqueles que levam para a cama quem nós queremos na nossa.
Este ano fiz o mesmo, claro. E repeti tudo a cada uma das doze, uma por uma, para ter a certeza de que, se uma se esquecer de uma parte, há mais onze para se lembrarem do que falta. Não pode falhar! Despachei o processo e fui à varanda ver o ano novo. Olhei para os vasos, as plantas, os arbustos, as árvores ao longe. Cheirava tudo a Soflan. Deve ser bom sinal.

[in "Gosto de cheesecake mas também gosto de ti", edições As Megeras São de Megève, 1996]

1 comentário:

Nietzsche disse...

lol é gay pk nunca foste a este
hi5vacas.blogspot.com