Heart alpinism
Um ano. Senti mais do que muita gente sente numa vida inteira.
A esperança irracional contra tudo o que dizia "não chegas lá acima", porque tinha a certeza que no cimo da montanha estava tudo o que sonhei. Só isso fazia valer a pena a escalada e esquecer as pequenas quedas e mazelas ao longo da subida.
A descoberta de que tinha um coração, ou qualquer coisa que me queria saltar fora do peito ao ouvir a voz, ler uma mensagem, ouvir certas canções, saber que do outro lado também havia alguém para quem o significado da vida poderia estar escondido algures numa canção lamechas.
"Soulmate."
As noites em que o Universo tinha um centímetro a mais, e isso correspondia a quedas em abismos, mas continuava a haver uma escalada por fazer.
O dia em que a expansão do Universo se inverteu à porta do Beer Hunter, o tal centímetro a mais desapareceu e o pico da montanha ficou à distância de só mais um beijo.
"Bastard!"
"Déjà vu?"
"A Grande Ordem Cósmica não podia ser em vão."
A escolha de apanhar um avião para chegar ao pico, e a subsequente queda, sem direito a "parachute". Os ossos todos partidos, a falha de órgãos vitais, primeiro o coração, depois o cérebro.
Um ano.
Já sem gesso, reparo que ainda tenho vestido o equipamento de escalada.
1 comentário:
... e em quanto tiveres pernas e braços, escala...
Se o equipamento se estragar não desistas...
... se a fita métrica não for precisa, arredonda esse centímetro...
... mas se o coração quiser saltar do teu peito, agarra-o com unhas e dentes e pede-lhe só mais 1 ao!! :)
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