31.3.11

Mitos e lêndeas #1: Papas de Sarrabulho

Há muito tempo, ainda antes de o Gutenberg ter inventado o José Hermano Saraiva, a informação era extremamente vaga e baseada no rumor. Por exemplo, sabia-se que havia um Papa, mas ninguém lhe conhecia a santa tromba. Este facto passou a ser aproveitado por uns quantos engenhosos, conscientes da probabilidade de alguém com o porte certo, uma rodela de trapo na nuca, um latim semi-macarrónico e um crucifixo de latão vagamente brilhante poder então passar por Papa. Seguiam então em digressão por aí fora, aproveitando para sacar umas almoçaradas à pala, ou em troca de uma ou duas canonizações para cair nas boas graças do povo. Aproveitavam ainda para mandar fazer uma fogueirinha e atirar para lá alguém de quem não gostassem lá muito, fosse por desconfiar da história, fosse por o almoço lhe ter provocado um santo desarranjo intestinal.
Calhou um dia em Figueira de Castelo Rodrigo terem-se cruzado dois Papas. Esgrimiram-se argumentos, mandamentos, diplomas oficiais de Papa atribuidos pelo CEAC e um ou outro "puta que te pariu" rosnado entre dentes. À medida que cada um tenta provar a sua autenticidade e consequentemente desmascarar o outro, exaltam-se os ânimos entre devotos de cada um deles, armando-se ali um valente sarrabulho.

2 comentários:

João disse...

LOLE!

Arlindo Pinto disse...

É verdade, sim senhor. Eu estava lá e dei até uma valente paulada nos dos papas... enfim, o que estava mais próximo.
Só não fui para a fogueira porque a lenha estava molhada e não conseguiu atear-se o lume, devido a um grande nevão que por ali ía! Esse nevão fui eu que o mandei cair!