13.2.06

Not a day too soon (ou indo eu, indo eu...)

Sábado. Sol para variar. Saída marcada para as 13. Uma hora e tal depois, ainda falta um. As usual. Buzina-se à porta. Um velho jarreta qualquer que está a mostrar o Audi A3 novinho em folha a uma gaja com ar de quem estava muito melhor a fazer qualquer outra coisa, desata aos gritos e a bater no nosso vidro e a esbracejar que "isto é poluição sonora". Metade da população do tour mini-bus ri-se, metade quer bater-lhe logo ali. Finalmente o pelotão está reunido. Ao fim de 5 minutos o retardatário já tenta dormir. É acordado por uma pandeireta e gritos de guerra do género "Kumbaya my lord, kumbaya". Vai ser longo. Entra em acção o discman gamado à última hora. Arctic Monkeys para espicaçar os miolos, White Album porque é duplo e a viagem é grande e qualquer pretexto é um bom pretexto. Ao fim de 3 horas avista-se Viseu, a capital mundial das rotundas. Até prova em contrário deve ser sempre em frente. À 17ª vira-se à esquerda, à 45ª vira-se à direita e cá estamos. Expo Center, porta ao lado do Day After (aberto aos sábados). Janta-se muito bem, mas muito cedo. Nervos à flor do sobretudo, que à noite já faz frio. Visitas tão inesperadas quanto desejadas (ou não estivesse lua cheia). Concerto. Plateia de médicos. Ao menos estes são animados, ajuda a passar o nervosismo. De repente, tudo já está cool as fuck. A mesma canção a que eu me sinto acorrentado na maior parte das vezes, hoje soa-me à estratosfera...será da visita? Fim. Já? Bom sinal. Salto para a porta ao lado (o Day After propriamente dito). Choques térmicos a cada 20 metros percorridos. "Soltem os Prisioneiros" numa das pistas. Mas por alma de quem? Karts. Frio. Bora? Vitória incontestável. Focinho gelado. Visão caleidoscópica. As costas e um ombro doridos. O bom vencedor de ocasião escapa-se sempre a uma desforra. Neste caso vai comer um pão com chouriço acabado de sair do forno a lenha e um prego. Hora de voltar. Uma hora depois, a matilha está finalmente agrupada, mas não conformada. Lua do meu lado da carrinha, até dá para ver qual é o "left" e o "right" dos headphones. Priceless. Elbow, Supergrass e Black Rebel para companhia. Nevoeiro. Não se vê um palmo à frente dos cornos. The journey must go on. Dorme tudo menos eu e o condutor, que pede substituição aos 200kms de jogo. Sobro eu. Sobra para mim. Dormem 7, 3/7 até roncam e toca The Who na Top FM (quem?) para me manter acordado. We won't get fooled again, pois pois. Entretanto o Magic Bus nunca deve ter sonhado bater 180 à hora, mas eu prometi a mim próprio que estava em Cascais às 7 e meia. E as promessas são para se cumprir antes que me dê o sono também a mim. Prueba superada. Tirar o carro da porta do estúdio. A pintora esquizóide da garagem da esquina fez directa a pintar e ouve o Dark Side of the Moon aos berros. Quer convencer-me a ver as lindas obras-de-arte. Nem para mim tenho pachorra às 7 e meia da matina, quanto mais para pintoras com ácido a mais no pincel. Um dia destes, 'tá? E os pneus chiam de vontade de fugir. Citando o grande Noel, "who wouldn't want to do this for the rest of their fookin' lives?"

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