9.8.04

Saudades do sudoeste?

Nos dois dias que estive por lá, foi basicamente assim...

Los Hermanos: Não tocaram o "Ana Julia", o que é um ponto a favor logo à partida. Temas do álbum novo relativamente interessantes e um bom momento com "todo o carnaval tem seu fim", canção que contém a frase mais imortal do fim de tarde: "deixa eu brincar e ser feliz, deixa eu brincar com o meu nariz"

Clã: A gaja irrita-me! Mas é que me irrita tanto! E aquele teclista que também toca nos Blind Zero, com a tromba do Freddie Ljungberg e os tiques mais abichanados do que a bicha mais bicha dos Scissor Sisters. O gajo que toca baixo com cordas de guitarra merece o prémio Coxon pela criatividade desse mesmo baixo e pelo ar de nerd. E a gaja, que me irrita até à ponta dos cabelos! E o teclista, que tem ar de gostar 30 vezes mais de homens do que ela (que por sua vez parece que se está a transformar na Lara Li) e toca enquanto faz caretas e movimentos pélvicos em direcção ao teclado...

Dandy Warhols: Se houver eleição para a maior broa do festival, o cantor com nome de gaja e apelido repetido tem de estar pelo menos no Top5. Continuando na temática das metamorfoses, o gajo aparenta estar na fase John Cougar Mellencamp, tanto no ponto de vista visual como no criativo (os temas novos são nitidamente country-rock). O departamento "quem-é-que-são-aqueles-gajos-ao-lado-do-Franklim?", no qual me incluo, sugere que daqui a dois álbuns ele tente ser o Johnny Cash, daqui a três o Willie Nelson e daqui a quatro o José Cid, fase na qual ele cairá do cavalo abaixo em pleno palco para nunca mais se levantar. Quanto ao concerto em si, reacções mornas (ou pura e simplesmente reacções) aos singles "Get Off", "Heroin Is So Passé" (pois pois, com esse aspecto anda cá dar lições de moral), "You Were the Last High" (a broa deu-lhe para tentar emular os falsetes do Simon Le Bon, que gravou backing-vocals no álbum...em vão). Única reacção digna de registo no "Bohemian Like You", tema do qual - graças a um dos elementos deste blog - eu já estava farto muito antes de se ter tornado famoso. Facto curioso (ou nem por isso) é que num festival patrocinado pela Optimus, o tema da Vodafone salva a actuação duma banda.

Franz Ferdinand: A majestosa festa do arquiduque! Hinos pop-rock-disco-camp-80s-90s-on-adrenaline-and-much-more a um ritmo frenético. A grande tareia que o festival precisava de apanhar para não ser considerado um fiasco. Salvos pelos alentejanos do Reino Unido...Quem diria? Quem duvidava?

Massive Attack: A mais recente prova (entre muitas) de que o gajo que faz o alinhamento das bandas neste festival bem podia ter sido amarrado a uma árvore na Serra do Caldeirão enquanto aquela merda ardia toda...Depois da descarga de adrenalina dos Franz Ferdinand, meter Massive Attack (os tais do passe vitalício que não fui eu quem disse) é o chamado erro crasso de alinhamento que, vindo do mesmo festival que se lembrou há uns anos de colocar Oasis antes desses grandes colossos intemporais da música mundial que são os Guano Apes, não espanta ninguém. Não fico fodido com a burrice alheia, mas fico um bocado com a falta de vontade de aprender, principalmente em casos (repetidos ano após ano) desta dimensão. Quanto ao concerto em si, posso dizer que gostei mesmo muito de os ver no Coliseu o ano passado, mas em ambiente de festival fica uma coisa muito dispersa...talvez o problema seja meu, já nem sei...

Love without Arthur Lee: deu para o gasto, principalmente se se tiver em conta que o principal motivo de interesse ficou retido nos EUA à saída para cá. Não foi mau de todo, mas também não foram propriamente uns Franz Ferdinand...nem podiam...nem era suposto poderem...

Ash: Hard-pop? Têm melodias pop completamente orelhudas (Shining Light, Burn Baby Burn, Girl From Mars...) e guitarras Flying V. Difíceis de encaixar num género fixo (o que não é necessariamente mau), mas acho que teria gostado muito mais de os ver na Aula Magna ou no Coliseu. But, then again, se eles fossem à Aula Magna ou ao Coliseu como banda principal eu provavelmente não ia.

Zero 7: Completamente condigno com as quantidades monumentais de drogas leves consumidas por todo o lado. Música para correr com as pessoas em certas pizzarias ao final da noite. Não desgosto, mas não era propriamente aquilo que eu estava a precisar de ouvir naquela altura. Se alguém se atrever a dizer o que quer que seja em desfavor da Tina Dico eu passo à violência física. O raio da miúda é linda que até dói e por cima disso ainda canta bem. E pronto, era só isto.

Da Weasel: Tenho desde já a ressalvar que já dei para esse peditório e que deixei de dar após a morte do Tupac Shakur. Puxaram bem pelo público, talvez atingindo o maior índice de interesse da noite quanto à generalidade das pessoas presentes no festival. Mas em alguns casos tentam ser nu-metal, noutros (este último álbum, por exemplo) queriam mesmo muito ter tido os Neptunes como produtores e nada disso me apela por aí além. Mas é como o outro, duas ou três dezenas de milhar de pessoas não podem estar enganadas. Ao menos o grande concerto da noite ficou para os tugas.

Groove Armada: Armada em parva. Não suporto que tentem que eu dance desde que deixei de poder beber. Não suporto o lyrical emptiness do género musical em questão (já dizia o outro, "because the music they constantly play, it says nothing to me about my life"). As animações dos ecrãs laterais faziam lembrar um batalhão de bonecos da Michelin. A música para ter o efeito desejado devia ter estado muito mais alta (mas neste festival, alto alto só mesmo os anúncios nos intervalos). Óptima altura para dar de frosques. Which I did.

Sem comentários: