18.5.04

Protagonismos / Antagonismos

Ontem vi a apresentação da convocatória da selecção inglesa. À hora certa começa uma apresentação multimédia em vários ecrãs de plasma de cada um dos jogadores com dados estatísticos e imagens da carreira de cada um na selecção, sendo a música de fundo o hino oficial da selecção (mais uma vez uma boa canção pop, catchy e efectiva, na sequência de outros grandes hinos como o "3 Lions/Football's Coming Home" ou o "Vindaloo"). No final, a mesma voz-off da apresentação multimédia apresenta o seleccionador, que só entra na sala para responder às perguntas dos jornalistas (relativamente ordeiros, por sinal).

Hoje vi a apresentação da convocatória da selecção portuguesa. Mais ou menos à hora certa entram na sala o seleccionador, o presidente da federação, os vice-presidentes todos, o secretário técnico, a entourage toda de adjuntos, etc. Nos primeiros cinco minutos não se consegue ver a cara do seleccionador, afogado em fotógrafos ávidos de lhe apanhar um bom plano de um pêlo encravado no bigode, dos dentes chumbados ou mesmo da glote. Nos 15 minutos seguintes o presidente da federação envereda por uma conversa circular (e com feedback no microfone) que repete até à exaustão as ideias de que "temos plena confiança no seleccionador" e "todos os portugueses, independentemente de afeições clubísticas e de opiniões pessoais, devem estar ao lado da selecção" (em 30 segundos tinha dito isto uma vez e as pessoas percebiam...mas teve de repetir ao longo de 15 minutos). Posto isto, o seleccionador lê a convocatória escrevinhada numa folha A4, sob o ruído de fundo de máquinas fotográficas e jornalistas/comentadores embasbacados com as "surpresas" Moreira e Maniche. Segue-se a conferência de imprensa, ao bom estilo tuga, com 38 gajos a gritar dessincronizadamente "em directo para a ......., por que é que o Baía fica de fora?", quase surpresos como surpresos estariam se ele fosse convocado. O seleccionador faz a cara de enfado nº5 e foge pela 321876ª vez à resposta.

Sem comentários: